segunda-feira, 28 de junho de 2010

AVÓS UMA DOCE LEMBRANÇA


Lembro de uma boina acinzentada,
de uma roupa bem engomada,
de um relógio de bolso com a corrente dourada.
Da fala rápida e da voz alta concedida pelo tempo...
Na memória o velho sentado na cadeira da varanda dizendo...
- “Etá mundo véio sem porteira.”
Dormia cedo,acordava cedo,
Num quarto claro,num lençol claro,
Numa vida transparente...
Honesta e de trabalho.
“Sempre lave os pés antes de dormir.”
Lembro das suas mãos nos meus pés de criança,
tão macias e molhadas,molhando de carinho meu
coração de menino.
Após os pés lavados e acariciados...
Um sono tranqüilo no quarto claro,
rodeado por bons anjos.

Lembro da avó,
dos vinte filhos,
dos vários netos
e bisnetos.
Vaidosa
dos cabelos tingidos,
das mãos bem tratadas.
A comida um perfume único,
o aroma até hoje nas narinas,
uma voz macia na memória.
- Come meu neto.
As mãos afagavam meus cabelos finos...
Gestos de carinho, avós especialmente
num final de semana a minha mercê...
Onde lembrarei até onde puder viver.

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