O amor corresponde as sensações de paz, harmonia e completude que sentimos ao lado de outra pessoa.
É alguém especial, escolhido segundo critérios de admiração (e outros que nem compreendemos), e que se transforma na figura substituta da mãe,nosso primeiro amor.Do amor adulto muito esperamos coisas muito parecidas com a que esperávamos de nossa mãe. O amado terá de estar presente nos momentos de aflição, nos dar segurança, atenuar nosso desamparo. Em resumo preencher o nosso vazio.
A única novidade é que a isso se acrescenta o sexo, nova fonte de inseguranças, ciúmes e incertezas. Ou seja: A relação se torna mais possessiva e exclusivista do que era da criança com a mãe.O vocabulário do romântico é indicativo disso: chamamos o amado de "benzinho", "lindinho" - e em tom idêntico ao que usamos ao falar com crianças
Ao longo da vida conhecemos várias pessoas.
Com algumas nos encantamos:e com uma esse encantamento se torna especial .É a eleita a amada,Na pratica será a encarregada de com sua presença e atitudes, atenuar nossa sensação de incompletude.Será guardião do meu "buraco".E eu o dela. Que se queira. quer não.Esse caminho leva à dominação reciproca ainda que, na aparência um seja o dominador e o outro o dominado. Por amar as pessoas se julgam com o direito especiais sobre o outro.O amor autoriza quando o " buraco" exigir.Se vou trabalhar, não preciso da minha mulher.Ao voltar para casa, porém preciso dela, senão me sinto incompleto e inquieto, exatamente como a criança que volta da escola e não encontra a mãe.
Tudo isso se resume numa palavra que sempre e invariavelmente me irrita: cobrança!
Por amar as pessoas sentem o direito de cobrar tudo: presença, comportamentos, o que e amado deverá dizer, hora de chegar em casa, de dormir, atividade sexual.Até gente sem tendência autoritária se torna cobradora.Não acredito que haja gosto nesse desgaste inútil de energia.
Não se trata de prazer,mas necessidade.Na medida em que mandam ,e são obedecidas, as pessoas se sentem com o " buraco" preenchido.
Qualquer desobediência, e lá está ele de volta.
E com acusações ao parceiro, responsável por isso. Alias o parceiro surge como causador do "buraco", como se este nunca tivesse existido e fosse resultado da decepção sofrida!Na verdade o amor existe por causa do "buraco', e não o contrario.
Para o que se espera delas, até que as relações de amor são pouco tumultuadas.Poderia ser pior já que se tratam de dois adultos que se sentem crianças, esperando proteção do do parceiro, que está em igual condição.
Ao contrário do amor, que "autoriza as cobranças" a amizade e feita de ajuda mútua e com companheirismo.
As pessoas que nos encantam e não se transformam na amada, tornam se nossas amigas. Gostamos da sua presença, de conversa.Confiamos nelas e lhe confidenciamos coisas que não diríamos à amada por medo de perde-la .Partilhamos intimidades sentimos tanto prazer em sua companhia quanto o que vivenciamos no amor.
A grande diferença no meu ver é que os amigos não existem para resolver meu desamparo: Não é dever dele tapar meu "buraco"embora sua simples presença posso ajudar muito.
Porém, como não me devem nada, nada posso lhe cobrar.E o acontece, então?Essas são a relações mais sadias que conhecemos :intensas, duráveis,baseada na confiança, companheirismo e ajuda recíproca.A presença dos amigos nos encanta,Sua ausência não nos mata de saudades. Só "vicia" a relação não existe para preencher o meu "buraco". A ausência amorosa dói como a falta do cigarro para um viciado. A ausência do amigo é sentida mas não dói.
Dr, Flavio Gikovake é psiquiatra, diretor do instituto de Psicoterapia de São Paulo e autor de vários livros, entre eles Homem, o sexo frágil?e a Arte de Viver Bem.
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